jueves, 24 de noviembre de 2011


Quem é esta Maria?

Diante de impropérios típicos de seitas protestantes, vi-me obrigado a escrever em defesa da intercessão de Maria, Mãe Santíssima de Nosso Senhor Jesus Cristo. O motivo para a escolha do tema As Bodas de Cana, foi a vontade de contrariar os protestantes que diziam “vocês católicos só usam essa”. Para eles está claro a indiferença de Nosso Senhor à sua Mãe e que somos teimosos em atribuir a Ela a dignidade de Intercessora. Vejamos então a inconsistência de suas argumentações:
 <.>

“A água transformada em vinho delicioso é sinal prefigurativo da alegria messiânica”.
(autor desconhecido)


Em Caná, uma aldeia vizinha de Nazaré cerca de cinco milhas ao norte, estavam Maria, Jesus e seus discípulos para a celebração de um casamento. “Aquele que se dignou tomar a forma de homem, não desdenhou estar presente às alegrias humanas” (Crisóstomo).

Subentende-se no texto bíblico que recorreram os noivos ou outro alguém de relevada importância no casamento à Maria, pela fé que tinham na humilde e sagrada Família de Nazaré. Até então não se conheciam o poder e a glória de Cristo, exceto por Maria, mesmo depois de já haver ocorrido os dois primeiros fatos salvíficos de sua vida que manifestam sua glória. Somente o Pai poderia definir quais seriam os últimos momentos de Jesus numa vida “normal”.

É importante colocar aqui duas qualidades de Jesus: Ele é o Homem perfeito e, por conseguinte, o Filho perfeito. No evangelho, os autores sagrados narram a perda e o encontro de Jesus no templo quando Este estava entre os doutores da Lei a falar-lhes com impressionante sabedoria. O evangelista salienta com a frase: “e lhes era submisso”. Sim, Jesus é submisso a Maria porque esta é sua mãe e Ele, Filho perfeito. O menor desprezo, a menor ingratidão incorreria em imperfeição. Longe isto do Cristo! Seu amor por ela supera ao dispensado por Ele a todas as criaturas. Nisto está grande mistério. Basta ver sua vida de intimidade familiar que o Espírito Santo quis ocultar até seus trinta anos pelo fato de os homens não serem dignos de tal conhecimento.

Convém dizer que as palavras de Deus não se perdem no tempo, sendo Ele Senhor do tempo, até que Ele as atualize. Portanto a palavra “era” de “lhes era submisso” é ainda atual e aplicável ao homem Jesus e enquanto for homem será submisso a Maria segundo a ordem da criação, porque uma vez se encarnado e feito homem por amor a nós não mais poderá deixar de O ser. Se isto ocorreresse, a obra da Redenção estaria anulada.

Foi por sua morte e ressurreição que fomos salvos e sendo Deus, puro espírito, não poderia morrer, dada a sua imortalidade e onipotência. Aí entra um grande problema protestante, separar Jesus em duas pessoas. Se tal é a condição, não vejo valor no sacrifício da cruz, pois o sangue de Jesus só tem valor infinito por ser o sangue de um Deus infinito, onipotente e perfeito. É uma incoerência dizer que Jesus é Deus e distintamente Homem. Ou Deus assumiu a nossa condição humana ou não. E por ter assumido ele se torna um Homem-Deus ressuscitado e glorioso.
     

Os convidados já estavam embriagados, mas mesmo assim o milagre de Jesus foi abundante, cada talha de pedra foi enchida cerca de quarenta litros de água e haviam seis talhas. Foram 240 litros de vinho, do mais saboroso, distribuído aos convidados. Imagine agora o amor de Jesus ao atender este simples desejo de sua mãe. Foi este pedido do mais simples, em grau de importância, mas foi tão poderoso que fez Jesus antecipar a sua hora, hora esta que só o Pai conhecia. A hora de começar, por meio de seu poder de Messias, a realizar as profecias e os milagres. Daí se tem uma noção surpreendente do poder do pedido de Maria ao seu filho. Os primeiros cristãos reconheciam isto já, as formas mais puras de elogios e súplicas a Ela foram encontradas lá, como "Maria, a Virgem-Mãe do Filho único de Deus, é proclamada a digna Mãe deste digno Filho, a Mãe Imaculada do Santo e Imaculado, sendo ela única, como único é o seu próprio Filho." Orígenes, ano 226;  Santo André (apostolo,  tirado de suas "liturgias" e transmitidas por escritores dos primeiros séculos) diz: "Maria é Mãe de Deus, resplandecente de tanta pureza, e radiante de tanta beleza, que, abaixo de Deus, é impossível imaginar maior, na terra ou no céu." (Sto Andreas Apost. in transitu B. V., apud Amad.).;  S. Dionísio Areopagita: "Maria é feita Mãe de Deus, para a salvação dos infelizes." (S. Dion. in revel. S. Brigit.);

 Em 340, S. Atanásio, resumindo  os dizeres de seus antecessores nos primeiros séculos, S. Justino, S. Irineu, Tertuliano, e Orígenes, exclama: "Todas as hierarquias do céu vos exaltam, ó Maria, e nós, que somos vossos filhos da terra, ousamos invocar-vos e dizer-vos: Ó vós, que sois cheia de graça, ó Maria, rogai por nós!" ; temos também a “sub tuum praesidium” dentre centenas datada dos primeiros séculos da Santa Igreja.

A intercessão de Maria em favor de seus filhos redimidos por Cristo é um fato que independe da aceitação dos “cristãos” separados, dos cismáticos, dos hereges, dos pagãos e dos ateus. Até o próprio Lutero, em seus comentários sobre o ‘magnificat’, reconhecia a intercessão de Maria junto ao seu filho: “peçamos a Deus correta compreensão deste  ‘magnificat’ que não somente ilumine e inspire nossa alma e nosso corpo mas também o inflame e vivifique. Isso nos conceda Cristo pela intercessão e pela vontade de sua querida Mãe Maria. Amem”. (Fonte: Scherer, Cardeal Dom Vicente. Revista AM, 15 de agosto de 1973, pg 8.). Calvino e Zwingli deixaram expressões favoráveis a Maria Santíssima. Uma teóloga protestante, Reintraud Schimmelphenning, em obra intitulada “História da Veneração de Maria no Protestantismo Alemão”, chega a essa interessante conclusão: “Assim Lutero, não obstante a crítica acerada e por vezes exagerada, figura entre os grandes cultores de Maria. Sabia e mesmo confessa que as honras, que se prestam a Maria Mãe de Deus, estão profundamente arraigadas no coração dos homens”. (Cf. Paulinus, Divide a veneração de Maria os cristãos? 10 n.º 18, 1972).
   
O interessante é observar que  os protestantes também criticam a intercessão após a morte. No livro de Jeremias tem-se claro esta possibilidade: "E o Senhor disse-me: ainda que Moisés e Samuel se pusessem diante de mim, a minha alma não se inclinaria para este povo; tira-os da minha face e retirem-se" (Jer 15, 1 ss). “No tempo de Jeremias, estavam mortos Moisés e Samuel, mas sua possível intercessão é confirmada pelas palavras do próprio Deus: "ainda que Moisés e Samuel se pusessem diante de mim...", quer dizer que eles poderiam se colocar diante de Deus para pedir clemência para com aquele povo. Em outras palavras, Deus deixa clara a possibilidade da intercessão após a morte” (Viotti).

Uma frase de Maria é fundamental para que recebamos as graças e favores de Jesus, ela diz “Fazei tudo o que ele vos disser”. Essa pré-disposição ao atender o chamado e as inspirações de Jesus é de suma importância. E é esse o papel de Maria, apontar Jesus para a humanidade e engrandecê-Lo.  E aí o terceiro fato salvífico, a manifestação de sua glória. Jesus glorioso bastou, diz S.João, para que “seus discípulos cressem Nele”.

É expressivo o conhecimento que Maria detém de seu filho, bastou uma curta frase que mal parece um pedido para que Jesus fizesse todo esse milagre. Ela simplesmente lhe expôs a situação “eles já não têm vinho”. Creio que o olhar que ela dirigiu a Jesus foi o seu pedido. A este olhar de santidade, de pureza, meritoso, não poderia o divino Criador resistir. Maria é de tal forma transformada em Jesus que é como se o próprio coração de Jesus o pedisse.

Ó Senhor, tal amor e convivência com sua mãe, me escapam à inteligência e à compreensão. Nem mesmo os anjos compreendem plenamente. O guardaste para Ti somente. Ó mistério de amor, inefável aos homens, esplendoroso a Deus. Obrigado mil vezes por Maria. “Por meio dela quiseste que a salvação, Jesus Cristo, entrasse no mundo” e através dela também o mundo O conhecerá.

Méritos desta edição para:
Lucas Cabral
Montes Claros, 12/06/2006.

No hay comentarios: