miércoles, 12 de octubre de 2011

Pseudo Mateus 4,6 - Séc. VI



Evangelhos Apócrifos: Infância da Virgem Maria


Tendo-se passado nove meses, Ana deu a luz a uma menina a qual impôs o nome de Maria.


Depois de desmamá-la, aos três anos, Joaquim e Ana foram ao templo e, tendo oferecido vítimas ao Senhor, apresentaram sua filha Maria para que ficasse morando com as virgens que louvavam a Deus, dia e noite sem cessar.


Quando se viu diante do Templo, Maria subiu correndo seus quinze degraus, sem olhar para trás e sem chamar por seus pais, como costumam fazer as crianças. Isto surpreendeu a todos os presentes, a tal ponto que até os sacerdotes do Templo se admiraram.


Ora, Maria provocava a admiração de todo o povo. Tendo só três anos, seu modo de andar era tão firme. Sua palavra tão perfeita, dedicava-se tanto ao louvor a Deus que não parecia uma criança, mas uma pessoa adulta. Prolongava suas orações como se tivesse trinta anos.


Seu rosto brilhava como a neve, e era com dificuldade que se olhava para ele. Ela se dedicava ao trabalho com lã e, em tão tenra idade, conseguia melhores resultados do que as mulheres adultas.


Ela estabeleceu para si um programa de vida. De manhã, até a terceira hora, dedicava-se à oração. Da terceira hora à nona, ocupava-se no tear. A partir da nona hora, voltava à oração, interrompendo-a somente quando o anjo do Senhor lhe aparecia trazendo-lhe o alimento. Entregava-se então mais e mais nos louvores do Senhor.


Enfim, progredia tanto nos louvores a Deus, que nenhuma virgem era mais atenta nas vigílias, mais sábia nos conhecimentos da Lei Divina, mais cheia de humildade, mais radiosa quando cantava os salmos de Davi, mais amável na caridade, mais pura na castidade e, em todas as virtudes, mais perfeita: porque era firme, inabalável, perseverante e progredia no bem todos os dias.


Jamais alguém a viu irada. Jamais alguém a ouviu falar mal. Todas as suas palavras eram tão cheias de graça, que se podia reconhecer Deus em seus lábios.


Estava sempre rezando e perscrutando a Lei. Mantinha-se sempre atenta às suas companheiras para que nenhuma delas pecasse, mesmo que fosse por uma só palavra, para que nenhuma exagerasse no rir, no divertir-se ou que nenhuma tratasse as outras com desprezo ou desdém.


Bendiza a Deus sem cessar e, para não se ver afastada de seus louvores, respondia aos cumprimentos, dizendo, à maneira de saudação: “Deo gratias” – Graças a Deus.


Alimentava-se com o que os anjos lhe traziam todos os dias. Quanto ao alimento que os sacerdotes lhe davam, repartia-o entre os pobres. Muitas vezes os anjos eram vistos conversando com ela e obedecendo-lhe com grande ternura. Quando algum doente a tocava, voltava para a casa curado.


(Evangelho do Pseudo Mateus 4,6 – século VI)

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