miércoles, 12 de octubre de 2011

Maria dos protestantes

Muito se têm falado e escrito sobre a Virgem Maria, nós que somos da Igreja semper reformanda, as vezes preferimos não falar dela, ou então acusar outros cristãos de diminuírem a ação salvífica de Nosso Senhor e Redentor Jesus Cristo, por causa de sua veneração à Maria.Isto pode ser apenas um preconceito.
Vejamos o que dizem sobre ela nossos pais, os Reformadores:


Lutero, não negando a virgindade perpétua de Maria, julgava que ninguém está obrigado a aceitá-la como artigo de fé. Não hesitava em dizer que a expressão "irmãos de Jesus" deve ser entendida no sentido semita que atribuía a irmãos o significado de "parente, familiar"; para o confirmar, Lutero apelava para a significação ampla da palavra grega adelphoi na tradução grega da Septuaginta.
Lutero também admitia que, em Maria havia a prévia aplicação dos méritos de Cristo. No calendário litúrgico luterano ficaram três festas marianas, que têm base no Novo Testamento e estão muito ligadas a Cristo: a Anunciação ou festa da Encarnação, a Visitação de Maria a Isabel ou festa da vinda de Cristo, e a Purificação de Maria aos quarenta dias após o parto, também tida como festa da Apresentação de Jesus no Templo.
Calvino foi mais radical. Suprimiu as festas marianas, ele aceita o título "Mãe de Deus" definido pelo Concílio de Éfeso em 431, mas prefere a expressão "Mãe de Cristo". Sustenta a perpétua virgindade de Maria, afirmando que "os irmãos de Jesus" citados em (Mateus 13,55) não são filhos de Maria, e sim parentes.
Professar o contrário, segundo Calvino, significa "ignorância", louca sutileza e "abuso da Sagrada Escritura".

Zwínglio, o reformador em Zurique, conservou três festas marianas e a recitação da Ave Maria durante o culto sagrado.É interessante notar que Lutero, Calvino e Zwínglio, autores da Reforma protestante no século XVI, deixaram belas expressões de estima e louvor a Maria.

Martinho Lutero em seu comentário sobre o Magnificat (Lucas 1,46-55) escreve: "Ó bem-aventurada Mãe, Virgem digníssima, recorda-te de nós e obtém que também em nós o Senhor faça essas grandes coisas".
Ao referir-se a Mateus 1,25, observa: "Destas palavras não se pode concluir que, após o parto, Maria tenha tido consórcio conjugal. Não se deve crer nem dizer isto" (Obras de Lutero, edição Weimar, tomo 11 pg 323).

Disse ainda: "Os irmãos de Jesus, mencionados no Evangelho, são parentes do Senhor" (Edição Weimar, tomo 46 pg 723, Tischreden 5, n.º 5839).

O Reformador prometia cem moedas de ouro a quem lhe provasse que a palavra almah em Isaias 7,14, não significa virgem (Edição Weimar, tomo 53, pg 640).

No fim de sua vida, aos 17/01/1546, Lutero exclamou num sermão muito agitado: "Não se deve adorar somente a Cristo? Mas não se deve honrar também a Santa Mãe de Deus? Esta é a mulher que esmagou a cabeça da serpente. Ouve-nos, pois o Filho te honra; Ele nada te nega". Vê-se que até os últimos dias Lutero guardou devoção à Maria.

No tocante às imagens, Lutero não as proibia; afirmava que as proibições feitas no Antigo Testamento não afetavam os Cristãos Edição Weimar, tomo 7 pg 440-445). Considerava as imagens como a Bíblia dos pobres e iletrados.

Sobre a virgindade de Maria Os Artigos da "doutrina Cristã" elaborados por Lutero em 1537 professam:
"O Filho de Deus faz-se homem, de modo a ser concebido do Espírito Santo sem o concurso de varão e a nascer de Maria pura, Santa e sempre virgem".

Calvino publicou em 1542 o "Catecismo da Igreja de Genebra", onde se lê:
"O Filho de Deus foi formado no seio da Virgem Maria...Isto aconteceu por ação milagrosa do Espírito Santo sem consórcio de varão".

Zwínglio por sua vez, escreveu: "Firmemente creio, segundo as palavras do Evangelho, que Maria, como virgem pura, nos gerou o Filho de Deus e que no parto e após o parto permaneceu para sempre virgem pura e íntegra" (Corpus Reformatorum: Zwínglio, Opera 1 424).

Declarou ainda: "Estimo grandemente a Mãe de Deus, a virgem Maria perpetuamente casta e imaculada" (ZO 2,189).

Os "irmãos do Senhor" eram, para Zwínglio, "os amigos do Senhor" (ZO 1,401).

Outras palavras dos Reformadores:
Amman, discípulo e contemporâneo de Zwínglio, declarou: "Maria foi preservada de toda mancha e culpa do pecado original, do pecado mortal e do pecado atual".

Heinrich Bullinger, sucessor de Zwínglio, testemunhou: "Cremos que o corpo puríssimo da Virgem Maria, Mãe de Deus e templo do Espírito Santo...foi levado pelos anjos ao céu".

Lutero escreveu: "Não há honra, nem beatitude, que sequer se aproxime por sua elevação da incomparável prerrogativa superior a todas as outras, de ser a única pessoa humana que teve um filho em comum com o Pai Celeste". (Deustsche Schriften, 14,250).

Calvino escreveu: "Não podemos reconhecer as bênçãos que nos trouxe Jesus, sem reconhecer ao mesmo tempo quão imensamente Deus honrou e enriqueceu Maria, ao escolhê-la para ser mãe de Deus".(Comm. Sur I`harm.Evang.20)

Zwínglio: "Quanto mais crescem a honra e o amor de Cristo entre os homens, tanto mais crescem também a estima e a honra de Maria, que gerou para nós um tão grande e propício Senhor e Redentor" (ZO 1,427s).

Como se vê, os mestres da Reforma foram muito mais fiéis a Maria do que seus discípulos. Estes testemunhos, aos quais outros se poderiam acrescentar, dão suficientemente a ver como Maria ocupa lugar eminente no conjunto das verdades que a fé cristã sempre professou.
Em 381 d.C., no Segundo Concílio Ecumênico, o de Constantinopla, a Igreja elaborou e legou-nos a seguinte formulação comum da fé cristã:
"Cremos em um só Deus, Pai, Onipotente (...) E em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, (...) o qual, por nós homens e por nossa salvação desceu dos céu, e encarnou por obra do Espírito Santo, da Virgem Maria, e foi feito homem. (...)" (Credo Niceno-constantinopolitano).

Gelson Piber – Igreja da Comunidade Metropolitana

No hay comentarios: